terça-feira, 29 de maio de 2012

PERMANÊNCIA



PERMANÊNCIA


       Não peçam aos poetas um caminho.

O poeta

         não sabe nada de geografia celestial.
        
Anda aos encontrões da realidade

         sem acertar o tempo com o espaço.
        
Os relógios e as fronteiras não tem

         tradução na sua língua.

Falta-lhe

         o amor da convenção em que nas outras

         as palavras fingem de certezas.

         O poeta lê apenas os sinais

         da terra.

Seus passos cobrem
         apenas distâncias de amor e
         de presença. Sabe
         apenas inúteis palavras de consolo
         e mágoa pelo inútil. Conhece
         apenas do tempo o já perdido; do amor
         a câmara escura sem revelações; do espaço
         o silêncio de um vôo pairando
         em toda a parte.
         Cego entre as veredas obscuras é ninguém e nada sabe
         — morto redivivo.


         Tudo é simples para quem
         adia sempre o momento
         de olhar de frente a ameaça
         de quanto não tem resposta.
         Tudo é nada para quem
         descreu de si e do mundo
         e de olhos cegos vai dizendo:
         Não há o que não entendo.


7 comentários:

  1. Seus passos cobrem
    apenas distâncias de amor e
    de presença. Sabe
    apenas inúteis palavras de consolo
    e mágoa pelo inútil. Conhece
    apenas do tempo o já perdido; do amor
    a câmara escura sem revelações;
    do espaço
    o silêncio de um vôo pairando
    em toda a parte.
    Cego entre as veredas obscuras é ninguém
    e nada sabe — morto redivivo.


    Tudo é simples para quem
    adia sempre o momento
    de olhar de frente a ameaça
    de quanto não tem resposta.
    Tudo é nada para quem
    descreu de si e do mundo
    e de olhos cegos vai dizendo:
    Não há o que não entendo.

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  2. Adolfo Victor Casais Monteiro
    nasceu no dia 4 de Julho de 1908,
    na cidade do Porto, freguesia de Massarelos.
    Filho de Adolfo de Paiva Monteiro e de Victorina de Sousa Casais Monteiro, recebeu uma educação laica que privilegiou os valores da cultura e da intelectualidade, típicos do seu estrato social.
    Cinco anos após a implantação da República,
    Casais Monteiro frequentou, na mesma cidade,
    o segundo grau do ensino primário no Colégio Almeida Garrett
    e iniciou os estudos liceais no Liceu Rodrigues de Freitas,
    ambos no Porto.

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  3. Difícil de entender quando é simples.
    Bj

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  4. *
    Tulipa,
    adorei o teu post,
    ,
    os poetas
    vestem os poemas
    de letras sumidas
    em nuas palavras
    perfumando os sonhos
    nos lânguidos ventos !
    ,
    poetadas conchinhas,
    *

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  5. O Poeta sente... e já não é pouco!!

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  6. Minha querida

    Uma bela definição do poeta.

    Deixo um beijinho com carinho e desejo um bom fim de semana.

    Sonhadora

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  7. Não peçam ao poeta para falar de poesia... ele só sabe escrever poesia, não sabe falar sobre ela!

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