segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

BOAS FESTAS




Natal é época de...


deixo ao vosso critério a continuação da frase.
...
Porque do Natal eu só gosto de:
a inocência das crianças
a alegria dos seus olhinhos
a lealdade dos seus corações.
Para mim o Natal pouco ou nada me diz.
Perdi o brilho no olhar
Perdi o calor do coração
Perdi a alegria do reencontro
Porque nessa noite, já não tenho presente fisicamente
algumas pessoas muito queridas para mim:
Meus Pais
meus Tios António e Albertina
meus Tios Zézinho e Adelaide
que faziam parte dos meus natais de infância
e, mais recentemente
a minha sobrinha Tânia
que partiu muito cedo deste mundo.
...
Para alguns Natal é:
Natal é planear uma noite diferente, um instante iluminado. 
Natal… é ansiar por instantes de alegria e de conforto, 
na presença escolhida a dedo de pessoas que fazem parte das nossas vidas. 
Presentes e mais presentes
(postal feito por mim, adaptei uma foto minha)

domingo, 9 de dezembro de 2012

COMO PASSAREI SEM PONTE






Mote

Vai o rio de monte a monte,
Como passarei sem ponte?


Voltas

É o vau mui arriscado,
Só nele é certo o perigo;
O tempo como inimigo
Tem-me o caminho tomado.
Num monte está meu cuidado,
E eu, posto aqui noutro monte,
Como passarei sem ponte?

Tudo quanto a vista alcança
Coberto de males vejo:
D'aquém fica meu desejo
E d'além minha esperança.
Esta, contínua, me cansa
Porque está sempre defronte:
Como passarei sem ponte?
 
(Francisco Rodrigues Lobo)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

ILUSÃO PERDIDA - PABLO NERUDA


 
Ilusão Perdida

Florida ilusão que em mim deixaste
a lentidão duma inquietude
vibrando em meu sentir tu juntaste
todos os sonhos da minha juventude.
 
Depois dum amargor tu afastaste-te,
e a princípio não percebi. Tu partiras
tal como chegaste uma tarde
para alentar meu coração mergulhado

na profundidade dum desencanto.
Depois perfumaste-te com meu pranto,
fiz-te doçura do meu coração,

agora tens aridez de nó,
um novo desencanto, árvore nua
que amanhã se tornará germinação.

Pablo Neruda, in 'Cadernos de Temuco'
Tradução de Albano Martins

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

"SOLITUDE" - a poem by ELLA WILCOX




SOLITUDE
Laugh, and the world laughs with you;
Weep, and you weep alone.
For the sad old earth must borrow it's mirth,
But has trouble enough of its own.
Sing, and the hills will answer;
Sigh, it is lost on the air.
The echoes bound to a joyful sound,
But shrink from voicing care.

Rejoice, and men will seek you;
Grieve, and they turn and go.
They want full measure of all your pleasure,
But they do not need your woe.
Be glad, and your friends are many;
Be sad, and you lose them all.
There are none to decline your nectared wine,
But alone you must drink life's gall.

Feast, and your halls are crowded;
Fast, and the world goes by.
Succeed and give, and it helps you live,
But no man can help you die.
There is room in the halls of pleasure
For a long and lordly train,
But one by one we must all file on
Through the narrow aisles of pain.
(Ella Wheeler Wilcox)
LINDO o gesto, de uma LADY pelo seu adorado marido
(foi esta dedicatória que encontrei,
numa pequena praceta junto ao Botanic Gardens, em Belfast)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

FRANCISCO RODRIGUES LOBO (Leiria, 1580 — Lisboa, 1622)




Fermoso rio Lis, que entre arvoredos
Ides detendo as águas vagarosas,
Até que üas sobre outras, de invejosas,
Ficam cobrindo o vão destes penedos;

Verdes lapas, que ao pé de altos rochedos
Sois morada das Ninfas mais fermosas,
Fontes, árvores, ervas, lírios, rosas,
Em quem esconde Amor tantos segredos;

Se vós, livres de humano sentimento,
Em quem não cabe escolha nem vontade,
Também às leis de Amor guardais respeito.

Como se há-de livrar meu pensamento
De render alma, vida e liberdade,
Se conhece a razão de estar sujeito?


Primavera, Vales e Montes..., Floresta Undécima

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

SONETO 18 - WILLIAM SHAKESPEARE





SE TE COMPARO A UM DIA DE VERÃO

ÉS POR CERTO MAIS BELO E MAIS AMENO

O VENTO ESPALHA AS FOLHAS PELO CHÃO

E O TEMPO DO VERÃO É BEM PEQUENO

 

sábado, 1 de setembro de 2012

AVÓ SENTADA COM CHAPEUZINHO DE PALHA



AVÓ SENTADA COM CHAPEUZINHO DE PALHA


INFINITA PACIÊNCIA A DO CARDO NAQUELA DUNA

UMA AVÓ COM CHAPEUZINHO DE PALHA

SENTADA A VER O MAR E A FLOR

a família está na água


(...continua)


POEMA
de
ABEL NEVES


Gosto de comprar o Jornal "Público" aos sábados,

pois contém a revista "Fugas"

e descobri que em 2011 também havia uma rúbrica intitulada:

POEMA AO SÁBADO

e, foi assim que descobri este belo poema de Abel Neves

associo sempre uma imagem minha aos poemas que transcrevo,

é certo que na imagem em causa,

esta doce avó não tem chapéu de palha,

mas está sentada e tem junto a ela "cestos de verga"

feitos por aquelas hábeis e já enrugadas mãos.

Acho a foto uma delícia, daí que fiz a associação.

(indo aos comentários acabam de ler o belo poema)

domingo, 19 de agosto de 2012

DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA


 HOJE - DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA

decidi fazer um post com várias imagens relacionadas com prémios que ganhei, exposições em que participei, raid fotográfico da Moita.

Imagens de pessoas que vou conhecendo através de todos estes eventos, ligadas pela paixão da fotografia.

Na 1ª imagem estou com os prémios que recebi e o diploma de participação, em 2011, no concurso organizado pelo jornal "Correio da Linha" em que uma das minhas fotos foi premiada.

Na imagem abaixo é a mascote que recebi quando participei no 3º Raid Fotográfico da Moita.

Na imagem seguinte estou na companhia dos donos e da relações públicas da discoteca onde fiz a minha última exposição sobre a Índia, ao fundo vê-se alguns dos meus quadros, em 2011.








Nos passeios fotográficos que participo fazem-se sempre amizades

interessantes e passam-se momentos de muita alegria e união entre os

participantes - o convívio é muito salutar!



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

QUERO UMA VIDA SIMPLES E PACATA




Quero uma vida simples e pacata
Amanhã não sei se ainda estarei na estrada
Para quê o luxo e a ambição ?
Entopem as veias do coração
são filhos rebeldes da ilusão
Quero da vida o ar de montanha
flores do campo para cheirar
o sol poente espelhado no olhar
Da vida eu busco o gesto brando
o olhar contemplativo e manso
o rio que corre sereno
a levar meus cuidados em leito ameno
 * Úrsula Avner * 
* imagem de minha autoria
* poesia com registro de autoria

sábado, 21 de julho de 2012

CANDELABROS - NESTOR VÍTOR




OS VERSOS

Versos ... são candelabros que se tocam
Tirando estrelas do cristal ferido ...
Óleo de que perfumes se deslocam         
Estranhos, num vapor vago e fluido...
        
Bergantins marchetados de ouro e prata
A balouçar num mar sonoro e ardente,
Que todo em nenúfares se desata
E em ilhas verdes, infinitamente ...

Versos ... largas cadeias de diamante,
Lançadas de um extremo a outro da Terra
Para pô-la risonha e soluçante,
— Áureas grilhetas de amorosa guerra ...

Ah! toda esta ânsia que nos arde ao seio,
Todo este fogo que nos queima a boca,
Se revela das formas neste anseio,
Nesta sofreguidão absurda e louca.

Porém, se nós pudéssemos apenas
Abrir os olhos, dominar o Mundo,
E em atitudes nobres e serenas
Mostrar-lhe todo o nosso estranho fundo ...

Se em palavras se dissesse tudo,
Num ardor, num cantar vivo e direto,
Fora melhor que se ficasse mundo:
Era mais simples e era mais completo ... 


Transfigurações (1902)



sábado, 7 de julho de 2012

A TUA AUSÊNCIA...




PERMANÊNCIA

nem sempre a névoa
é veu bastante

para se sentir a ausência.

às vezes a trégua

de um eterno instante

de feliz saudade,

é pontual quadrante

da permanência...

 
(Teresa Teixeira)

domingo, 1 de julho de 2012

CAMPOS DE ARROZ



Nunca tinha desfolhado folhas de papel de arroz
nem sabia que de tão finas nunca se colavam .
Olhou-as,  folhas plenas de figuras, chamavam-lhe letras,
e essas,  ela não conhecia .
Em lombadas vivas e largas
em papel pardo, adormecia de olhos abertos
ouvia sons e notas de ouvido,  fugidas de cor
Agri-doce
Começou a desfolhar folhas de papel de arroz, descoladas
o odor era adocicado, e inalava-o com uma força extrema
Lânguida se deixou levar  para mundos de bambu
arrozais que não secavam
Sapatos de panos em pés de gueixas
Agri-doce
Tentava fixar os sentidos, o tacto era suave nas folhas
rude na capa .
Entre folhas de papel de arroz e capas de cartão…
misturava sentidos .
Agri-doce.
Docemente desfolhou folhas de papel de arroz,
misturou tudo em arrozais húmidos.
Apurou o ouvido e ouviu sem som, folhas que se desfolhavam
leves por não pesarem
brancas
Imaculadas
Compressas em duras capas de cartão prensado
Pés atados de gueixa
repisavam folhas de papel de arroz 
Agri- doce

(Teresa Maria Queiroz)




(2 fotos de campos de arroz perto de Chiang Mai - Tailândia)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

CAMPO DE LÍRIOS






Trouxe-me um tempo que tinha
de renda um campo de lírios.
Deitei-me à sombra do vento,
à deriva da brancura
que a chuva chorou de terra
e enterrou em semente
comigo, num outro tempo.
Fiquei num tempo pisado
pela ceifa da colheita
e o ânimo que me ensaia
ergue-me à proa da fuga,
agarro-me ao vento e cravo
as esporas da contramão
que sigo com o meu fado.
Subo a eito, ascendo a prumo,
encho o peito e me consumo
na atmosfera viciosa
onde pelejo torturas
que me assombram o regresso
ao campo outrora vingado
de colheitas proveitosas...
Não sou desse tempo agora.
Trouxe-me um tempo que chora
sobre lírios não plantados...

sábado, 16 de junho de 2012

SORRISO TURVO





Vivo das lágrimas e da poeira da estrada, 
que se entranha nos olhos
e me tolhe das águas do rio onde nasci;
sorriso turvo nas algas de dias escorregadios
e flores de sol onde nascem ameias estranhas;
corro atrás das nuvens e percorro ruas desertas.
Se soubesse dos dias, estarias mais perto.
(Susana Duarte)


sexta-feira, 8 de junho de 2012

DIA MUNDIAL DOS OCEANOS



OCEANO NOX


Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o vôo do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,

Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das coisas, vagamente...

Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que idéia gravitais?

Mas na imensa extensão, onde se esconde
O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...

Antero de Quental, in "Sonetos"





O oceano Atlântico apresenta uma forma semelhante à letra S.
Sendo uma divisão das águas marítimas terrestres, o Atlântico é ligado ao oceano Ártico (que em algumas vezes é referido como sendo apenas um mar do Atlântico), a Norte,
ao oceano Pacífico, a Sudoeste,
ao oceano Índico, a Sudeste,
e ao oceano Antártico, a Sul.
(Alternativamente, ao invés do oceano Atlântico ligar-se com o oceano Antártico, pode-se estabelecer a Antártida como limite sul do oceano, sob outro ponto de vista).
A linha do Equador divide o oceano em Atlântico Norte e Atlântico Sul. Com um terço das águas oceânicas mundiais, o Atlântico inclui mares como o Mediterrâneo,
e o mar das Caraíbas (Caribe).

No DIA MUNDIAL DOS OCEANOS
apresento duas fotos do oceano Atlântico, na ponta de Sagres;
bem como uma poesia de Antero de Quental, a acompanhar.

sábado, 2 de junho de 2012

PERMANÊNCIA DA POESIA




PERMANÊNCIA DA POESIA


Quando a luz desaparecer de todo,
mergulharei em mim mesmo
e te procurarei lá dentro.

A beleza é eterna.
A poesia é eterna.
A liberdade é eterna.

Elas subsistem, apesar de tudo.
É inútil assassinar crianças.
É inútil atirar aos cães os que,
de repente,
se rebelam e erguem a cabeça olímpica.

A beleza é eterna.
A poesia é eterna.
A liberdade é eterna.

Podem exilar a poesia:
exilada, ainda será mais límpida.
As horas passam,
os homens caem,
a poesia fica.

Aproxima-te e escuta.
Há uma voz na noite!

Olha:
É uma luz na noite!

(Emílio Moura)

terça-feira, 29 de maio de 2012

PERMANÊNCIA



PERMANÊNCIA


       Não peçam aos poetas um caminho.

O poeta

         não sabe nada de geografia celestial.
        
Anda aos encontrões da realidade

         sem acertar o tempo com o espaço.
        
Os relógios e as fronteiras não tem

         tradução na sua língua.

Falta-lhe

         o amor da convenção em que nas outras

         as palavras fingem de certezas.

         O poeta lê apenas os sinais

         da terra.

Seus passos cobrem
         apenas distâncias de amor e
         de presença. Sabe
         apenas inúteis palavras de consolo
         e mágoa pelo inútil. Conhece
         apenas do tempo o já perdido; do amor
         a câmara escura sem revelações; do espaço
         o silêncio de um vôo pairando
         em toda a parte.
         Cego entre as veredas obscuras é ninguém e nada sabe
         — morto redivivo.


         Tudo é simples para quem
         adia sempre o momento
         de olhar de frente a ameaça
         de quanto não tem resposta.
         Tudo é nada para quem
         descreu de si e do mundo
         e de olhos cegos vai dizendo:
         Não há o que não entendo.