quarta-feira, 13 de maio de 2015

“INDÚSTRIA CONSERVEIRA NA NAZARÉ - Primeira Mostra” - 9 de maio a 21 de junho 2015



Hoje, n' "Os meus Pensamentos" 
está o passeio fotográfico que fiz à NAZARÉ
em todos os passeios aprendo sempre alguma coisa e, aqui fui surpreendida também...




andando pela praia no final da tarde, encontrei 2 ou 3 peixeiras, 
com estas redes a que chamam "estendal" 
e em conversa com uma das senhoras, 
descobri que a Dª Francelina é muito conhecida pelos turistas que visitam a Nazaré e muito fotografada por todos, 
inclusivamente foi mesmo a Dª Francelina que nos deu dicas para as fotos que lhe fizemos (adorei conhecer esta senhora)




FRANCELINA foi ao programa da TVI
MASTER CHEFE dia 9 de maio de 2015 
(quando a vi, lembrei-me das fotos 
que lhe fiz e daí decidi que 
tinha que fazer este post)
“Isto está a acabar”, lamenta-se a peixeira. 
“Isto” é a venda de peixe seco, 
uma tradição antiga e um dos 
bilhetes-postais da Nazaré. 
São sete da tarde e a banca continua cheia. 
“A malta nova hoje não quer nada disto. 
Só os mais velhos é que compram, 
e esses estão a desaparecer.”

As técnicas também diferem: 
um carapau seco deve ficar uns dois a três 
dias ao sol, dependendo das condições 
atmosféricas e da temperatura e pode ser 
comido cru e desfiado ou cozido e regado 
com azeite, vinagre ou sumo de limão e 
alho picado. O carapau a que chamam “enjoado” 
fica apenas um dia, ou algumas horas ao sol, 
passa por uma salmoura menor e é geralmente 
grelhado. Por força do hábito, os nazarenos 
ganharam gosto a este peixe assim seco 
e deliciam-se quando o comem. 
Mas e os outros? 
Bem, os outros — os não nazarenos, 
entenda-se — passam, olham, fazem perguntas. 
E não compram.




Raul Brandão escreveu 
que as peixeiras da Nazaré 
“são a vida desta terra”. 
No livro Os Pescadores, escrito no início da 
década de 1920, fala delas assim: 
“Surpreendo-as na labuta de todos os dias: 
carregando peixe, salpicando-o de sal 
e estendendo na areia sobre palha o cação, 
o polvo, o carapau, para a seca.” 
Também Alves Redol descreve 
a “lida sem fim” destas mulheres.





Esta Senhora é Francelina Quinzico de 55 anos, 
natural da Nazaré, 
esteve no Museu Dr. Joaquim Manso 
à conversa sobre a “seca do peixe”. 
Filha de mãe “cabazeira” e pai pescador, 
nasceu no seio de uma família numerosa, 
quando as crianças eram criadas na praia. 
Por isso, desde sempre, conheceu o que era 
a “seca do peixe”, embora a ela só se tenha 
dedicado a tempo inteiro a partir dos 20 anos. 
Desde então, faça sol ou chuva, calor ou frio, 
sem férias nem fins-de-semana, 
todos os dias vai à lota comprar peixe, 
para amanhar, escalar e estender nos 
paneiros da Praia.
A sua imagem corre mundo nas fotografias 
dos turistas que diariamente param junto do
 “estendal”, mas é ainda do consumo nacional 
que mais garante o seu sustento, 
vendendo o peixe seco nos vários mercados 
da região. As mudanças foram muitas, desde o 
tempo de infância; as regras de higiene e 
os hábitos alimentares alteraram-se, 
mas basicamente o processo de secagem do peixe 
mantém-se. “E seca-se tudo o que aparecer!” 
Assim é na NAZARÉ