segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CANÇÃO DAS MULHERES



JANEIRO 2012


HOJE descubri alguém, que me deixou fascinada - LYA LUFT

Passei os olhos na sua Biografia, em algumas das suas obras e em muitos dos seus escritos e, decidi que vou divulgar LYA LUFT nos próximos posts.

De tudo que hoje li, escolho para começar a CANÇÃO DAS MULHERES.


CANÇÃO DAS MULHERES


Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.


Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.


Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.


Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.


Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.


Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.


Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.


Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''


Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.


Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.


Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.


Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa:

vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.
Lya Luft

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

PÉS DESCALÇOS



" Tivesse eu as roupas bordadas do paraíso
tecidas com luz dourada e prateada
o azul e o escuro e os negros panos da noite
e a luz e as metades luzes
Eu espalharia essas roupas sob os teus pés
Mas, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos
Eu tenho espalhado os meus sonhos sob teus pés
Por isso, pise suavemente, afinal
Você está andando sob meus sonhos."


Willian Bluter Yeats foi um dos mais importantes poetas da língua inglesa.

Sua poesia revela um romantismo culto e uma originalidade dramática incomparável. Entre seus poemas há uma pequena composição, chama-se "He Wishes for the Clotls of Heaven".

(poema retirado da net - foto minha)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

CORETO DA CIDADE DE TAVIRA



O Coreto da cidade de Tavira,

foi construído em 1890 conforme se documenta:

"Fabricado na cidade do Porto, pela firma Fundição do Ouro,

chegando a Tavira, por via marítima, já em 1890.


De planta centralizada octogonal e linhas flexíveis,

situa-se no coração do jardim,

sendo testemunho da denominada "arquitectura do ferro" oitocentista".



Sentimentos

São guardados

em caixas pretas

Naufragando

em seus pedaços.

Poetas e poemas

Esquecidos em seus coretos


Entre nós
apenas havia olhares,
um fulminante desejo…


o percurso das nossas sombras,
fechou-se,
numa pancada de eco vazio.


Saltou como um pássaro livre
e, desapareceu
na escuridão da noite
na penumbra do coreto.


Eu era apenas uma sombra
que não sabia distinguir
o sol da madrugada
e o calor da tua alma.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

POETA ISIDORO MANUEL PIRES



Jornalista e Poeta 1894 - 1958

Nasceu na Praça da Alagoa em 12 de Janeiro de 1894

Vice-Presidente da Câmara em 1923/25

e Presidente entre 1937-1939

Isidoro Pires foi notável jornalista e fundador do Povo Algarvio


No Jardim de São Francisco há duas pedras com versos de sua autoria.

1961 -- Publicação do livro "Versos"

História: Como Presidente de Câmara tomou muitas iniciativas culturais nomeadamente a criação da Banda Musical de Tavira (1925)

e a construção do Parque Municipal -- recinto de recreio e cultura-- no Alto de Santa Maria (Palácio da Galeria).



Maria toma cuidado

vê onde pisas o chão!...

se dás um passo mal dado

pisas o meu coração.



ALMA PORTUGUESA

Tão grandes são os feitos portugueses,
De tão honrosa fama a sua história,
Que parecem um sonho; e, muitas vezes,
Nem sonhando se vê tanta vitória!

Lutar co’o ignoto Mar, meses e meses,
Do qual só vinham monstros à memória,
Para dar entre p’rigos e reveses
Novos mundos ao Mundo – é uma glória!

E se olharmos p’r’à Gente Brasileira,
(Que apenas pelo nome é que é estrangeira!)
Palpitante de vida e luz do Céu;

Sentimos, com orgulho de nobreza,
Ser grande demais a Alma Portuguesa
Para caber na terra onde nasceu!...

(in: “Versos”/1961)

domingo, 8 de janeiro de 2012

LUZ QUE PENETRA AS SOMBRAS


É no limiar da penumbra,

na Luz que penetra as sombras,

onde tudo pode acontecer...






Poema Penumbra de Pablo Mora

De un tiempo acá las noches no son mías,

las aspas del insomnio se han varado,

porque un lúgubre viento huracanado

me dejó solamente con mis días.


De tarde en tarde van mis rebeldías

tras el antiguo puño alucinado,

donde siempre sus furias han anclado,

y en alto empuñan nuevas acedías.


Del brazo del amor que la convida,

por calzadas de gritos en penumbra,

huérfana de la noche va mi vida


tras un amanecer que al fin alumbra

un día con la noche esclarecida

de azul mañana que la fe vislumbra.


De Almácigo 2 (1980)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A INTELIGÊNCIA É O FAROL QUE NOS GUIA



O aviso da vida

Passa a noite inteira dentro do meu quarto

Piscando o olho.

Diz que vigia o meu sono

Lá da escuridão dos mares

E que me pajeia até o sol chegar.

Por isso grita em cores

Sobre meu corpo adormecido ou

Dividindo em compassos coloridos

As minhas longas insônias.

Branco

Vermelho

Branco

Vermelho

O farol é como a vida

Nunca me disse: Verde.

(Adalgisa Nery)



A inteligência é o farol que nos guia, mas é a vontade que nos faz caminhar. Érico Verrísimo