terça-feira, 29 de maio de 2012

PERMANÊNCIA



PERMANÊNCIA


       Não peçam aos poetas um caminho.

O poeta

         não sabe nada de geografia celestial.
        
Anda aos encontrões da realidade

         sem acertar o tempo com o espaço.
        
Os relógios e as fronteiras não tem

         tradução na sua língua.

Falta-lhe

         o amor da convenção em que nas outras

         as palavras fingem de certezas.

         O poeta lê apenas os sinais

         da terra.

Seus passos cobrem
         apenas distâncias de amor e
         de presença. Sabe
         apenas inúteis palavras de consolo
         e mágoa pelo inútil. Conhece
         apenas do tempo o já perdido; do amor
         a câmara escura sem revelações; do espaço
         o silêncio de um vôo pairando
         em toda a parte.
         Cego entre as veredas obscuras é ninguém e nada sabe
         — morto redivivo.


         Tudo é simples para quem
         adia sempre o momento
         de olhar de frente a ameaça
         de quanto não tem resposta.
         Tudo é nada para quem
         descreu de si e do mundo
         e de olhos cegos vai dizendo:
         Não há o que não entendo.


sexta-feira, 25 de maio de 2012

AURORA - ADOLFO CASAIS MONTEIRO



AURORA

         A poesia não é voz - é uma inflexão.
         Dizer, diz tudo a prosa. No verso
         nada se acrescenta a nada, somente
         um jeito impalpável dá figura
         ao sonho de cada um, expectativa
         das formas por achar. No verso nasce
         à palavra uma verdade que não acha
         entre os escombros da prosa o seu caminho.
         E aos homens um sentido que não há
         nos gestos nem nas coisas:

         vôo sem pássaro dentro.


         (Vôo sem Pássaro dentro, 1954)

sábado, 19 de maio de 2012

EU QUERIA ESTAR NO PORTO...NESTE ENCONTRO



O MEU PENSAMENTO hoje vai para

Viajantes portugueses trocam viagens em encontro no Porto

AH...como eu queria estar lá...!

A Casa do Infante é, pelo menos durante este sábado, o cais destes apaixonados pelas viagens. O Porto recebe, pela primeira vez, uma reunião nacional dos Portugueses Emviagem, a 3.ª deste grupo nascido (e em contínuo crescimento) no Facebook,
graças a João Oliveira - um veterinário e professor de 37 anos com paixão pela arte de viajar.

No Facebook, já somos um grupo de cerca de mil viajantes "à séria".

E já vamos no terceiro encontro nacional: desta feita, o primeiro no Porto.

Os Portugueses Emviagem reúnem-se este sábado na Casa do Infante e, entre palestras, podem ouvir-se, de viva voz, como um pai e filho deram a volta a África numa 4L ou relatos de viagens pela Índia, Nepal ou a bordo do Transmongol


quinta-feira, 10 de maio de 2012

SACODE AS NUVENS




Sacode as nuvens

Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.

Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

MIA COUTO - PRÉMIO EDUARDO LOURENÇO 2011



O escritor
moçambicano Mia Couto
manifestou-se honrado e comovido
com a receção do Prémio Eduardo Lourenço 2011,
no valor de 10 mil euros, atribuído pelo Centro
de Estudos Ibéricos (CEI), com sede na Guarda.

«É uma grande honra para mim.
Eu olho isto como qualquer coisa que é um desafio
para continuar, para fazer mais»,
declarou Mia Couto à agência Lusa
no final da sessão solene de entrega da sétima
edição do galardão,
realizada na presença do patrono.

O galardoado também disse estar
«muito comovido» com a distinção por reconhecer
Eduardo Lourenço como «mestre do pensamento»
e por não esperar ser distinguido.

«Em princípio, não era esperado que um autor
que é africano, que não é português nem espanhol,
produziu uma obra toda virada para uma outra
preocupação, que não era esta do iberismo,
fosse premiado», justificou.

O prémio anual, instituído em 2004,
que tem o nome do ensaísta Eduardo Lourenço,
mentor e presidente honorífico do CEI,
destina-se a galardoar personalidades
ou instituições, portuguesas ou espanholas,
«com intervenção relevante no âmbito da
cooperação e da cultura ibérica».

Desta vez, segundo o presidente do júri,
João Gabriel Silva,
reitor da Universidade de Coimbra,
foi atribuído a Mia Couto que
«alargou os horizontes da língua portuguesa
e da cultura ibérica».

O escritor e biólogo Mia Couto
(António Emílio Leite Couto,
de seu nome completo)
nasceu na Beira, em 05 de julho de 1955.

terça-feira, 1 de maio de 2012

FEIRA DO LIVRO 2011 - LISBOA





FOI em 2011 que a minha neta fez a ESTREIA dela
na FEIRA DO LIVRO - no PARQUE EDUARDO VI em LISBOA.
Ela diz que adorou...
espero que sim, pelo menos,
eu como AVÓ tento incutir-lhe o gosto pela LEITURA




junto às minhas imagens um poema
da autoria de 2 alunos do 4º ano escolar
uma HOMENAGEM a ELES:

POEMA AO LIVRO


Um livro
Não é só
Um monte de folhas
Com imagens e palavras.
É muito mais do que isso,
É descobrir a vida,
Sentir-se outra personagem.
Das palavras às ideias,
Das histórias à poesia,
De descoberta em descoberta
Vamos sorrindo à vida!
Por isso,
Não devemos deixar
Um livro abandonado,
Sem abrir, sem o ler,
Sem perceber
O que ele tem
Para nos oferecer!


Lê um livro




Filipe José – 4º ano
Bernardo – 4º ano