quinta-feira, 22 de novembro de 2012

ILUSÃO PERDIDA - PABLO NERUDA


 
Ilusão Perdida

Florida ilusão que em mim deixaste
a lentidão duma inquietude
vibrando em meu sentir tu juntaste
todos os sonhos da minha juventude.
 
Depois dum amargor tu afastaste-te,
e a princípio não percebi. Tu partiras
tal como chegaste uma tarde
para alentar meu coração mergulhado

na profundidade dum desencanto.
Depois perfumaste-te com meu pranto,
fiz-te doçura do meu coração,

agora tens aridez de nó,
um novo desencanto, árvore nua
que amanhã se tornará germinação.

Pablo Neruda, in 'Cadernos de Temuco'
Tradução de Albano Martins

11 comentários:

  1. Sinopse
    Em ano de comemorações do centenário do nascimento do poeta chileno Pablo Neruda,
    chega-nos a tradução portuguesa
    (da autoria de Albano Martins) deste seu "primeiro" livro.

    Como refere o poeta/tradutor:
    "A descoberta, em anos recentes,
    dos "Cadernos de Temuco" ou, melhor, de fotocópia do manuscrito dos três cadernos que constituem o presente volume, deve-se aos cuidados de Bernardo Reyes, sobrinho de Pablo Neruda e autor do livro
    "Neruda, retrato de família, 1904-1920".

    Os "cadernos" reúnem os poemas,
    na sua maioria inéditos, escritos por Neruda entre 1919 e 1920, isto é,
    entre os quinze e os dezassete anos,
    alguns deles incluídos posteriormente pelo poeta no volume "Crepusculário"."

    O livro foi originalmente publicado em 1996, por Victor Frias, que assina um prólogo que surge também nesta edição.

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  2. SENSAÇÃO AUTOBIOGRÁFICA
    Nasci há dezasseis anos numa poeirenta
    aldeia branca e distante que ainda não conheço,
    e como isto é um pouco vulgar e puro
    irmão errante, passemos à minha juventude.

    Creio em muito poucas coisas na vida.
    A vida não me entregou tudo o que eu lhe entreguei
    e emocional e altivo rio-me da ferida
    e a dor está para a minha alma como dois está para três.
    Mais nada.

    Ah, lembro-me de que aos dez anos
    desenhei o meu caminho contra todos os danos
    que no longo caminho me pudessem vencer.
    Ter amado uma mulher e ter escrito
    um livro.
    Não venci porque está manuscrito
    o livro e não amei uma, mas cinco ou seis…

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  3. Neruda é sempre Neruda, mesmo quando muito jovem.
    Beijinho

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  4. Minha querida

    Neruda sempre eterno, adoro e este poema é lindo.


    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  5. .

    .

    . pablo neruda é muito mais do que um poeta . de origem chilena .

    .

    . pablo neruda é um exemplo vivo . de uma eternidade presente .

    .

    . por isso curvo.me . e saio . comovido .

    .

    . um beijo meu .

    .

    .

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  6. Bem lembrado, Neruda, ainda que aqui um pouco desencantado. A vida pode ser cruel, as pessoas podem desiludir-nos mas há sempre algo ou alguém que nos faz despertar o interesse pela vida e nos faça sorrir e dê vontade de seguir em frente.
    Cumps

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  7. Oi, amiga, fico contente por teres encontrado um anjo! Que ele seja sempre como a tua sombra, te proteja e faça feliz. Normalmente os anjos são "boas pessoas", dificilmente nos desiludem...é isso que te desejo!
    Tenho pena de nunca estar quando me telefonas, mas um dia destes acertamos.
    Um abraço.

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  8. Pablo Neruda consegue sempre tocar-me. Sempre.
    Um beijito :)

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  9. Tulipa

    Postagem maravilhosa
    Neruda. Me encanto. Indescritível dizer o quanto adoro este grandioso escritor.
    "Em confesso que vivi" como gostaria de ter vivido .
    Beijos

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  10. As ilusões perdidas podem encontrar-se quantas vezes ao virar da esquina...

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  11. Que dizer de Neruda ? É impossível não nos sentirmos tocados e até descritos em algumas das suas palavras. O sofrimento molda-nos... e normalmente torna-nos mais sensíveis... Penso não estar errada, mas creio que Pablo Neruda ficou órfão de mãe logo á nascença.. uma enorme falta na sua vida... talvez responsável por tal sensibilidade na sua escrita.
    Obrigada pela parttilha.

    Deixo-te aqui um pedacinho de Neruda.


    “Viva hoje! Arrisque hoje! Faça hoje! Não se deixe morrer lentamente! Não se esqueça de ser feliz... Feliz... Arriscar é fazer, para Viver Feliz!”

    "Pablo Neruda"

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