segunda-feira, 15 de outubro de 2012

FRANCISCO RODRIGUES LOBO (Leiria, 1580 — Lisboa, 1622)




Fermoso rio Lis, que entre arvoredos
Ides detendo as águas vagarosas,
Até que üas sobre outras, de invejosas,
Ficam cobrindo o vão destes penedos;

Verdes lapas, que ao pé de altos rochedos
Sois morada das Ninfas mais fermosas,
Fontes, árvores, ervas, lírios, rosas,
Em quem esconde Amor tantos segredos;

Se vós, livres de humano sentimento,
Em quem não cabe escolha nem vontade,
Também às leis de Amor guardais respeito.

Como se há-de livrar meu pensamento
De render alma, vida e liberdade,
Se conhece a razão de estar sujeito?


Primavera, Vales e Montes..., Floresta Undécima

6 comentários:

  1. Francisco Rodrigues Lobo
    (Leiria, 1580 — Lisboa, 1622)
    foi um poeta português.

    Autor regionalista como poucos,
    apresenta o cognome de "cantor do Lis".

    Nascido numa família de cristãos-novos,
    estudou na Universidade de Coimbra
    onde se formou em Direito.

    Foi na cidade do Mondego que principiou a sua actividade literária, compondo o "romanceiro" quando tinha pouco mais de 16 anos.

    Desconhece-se se terá exercido cargos públicos. Na sua escrita percebe-se uma certa influência da lírica de Luís de Camões,
    nomeadamente nos temas do bucolismo e do desencanto.

    Afirma-se que se dava com a nobreza,
    entre os quais Teodósio II, Duque de Bragança e Duarte de Bragança, senhor de Vila do Conde, e que este último lhe dava alojamento.

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  2. Morreu afogado no rio Tejo durante uma viagem entre Lisboa e Santarém.

    Viveu durante a Dinastia Filipina,
    o que explica as numerosas obras escritas em língua castelhana,
    tendo escrito raramente em língua portuguesa.
    Foi autor, entre outras, das obras:
    • "Primavera" (1601), título geral das três novelas pastoris: "Primavera", "Pastor Pereyrino" e "Desenganado";
    • "O Pastor Peregrino" (1608);
    • "Condestabre" (1609); e
    • "Corte na Aldeia" (1619).

    Dessas, "Corte na Aldeia" é considerada como o primeiro sinal literário do Barroco em Portugal
    e um contributo importante no que se refere ao desenvolvimento do Barroco na península Ibérica.

    A obra é dedicada ao descendente da Coroa Portuguesa,
    ou seja D. Duarte, irmão do Duque de Bragança e marquês de Frechilha e de Malagam.

    Na dedicatória da obra, Rodrigues Lobo convida D. Duarte de Bragança a preservar e ter orgulho da "língua e da nação Portuguesa"
    que, no passado, conheceu momentos muito mais gloriosos.

    "Corte na Aldeia" é composta de dezassete diálogos didácticos que descrevem a vida cortesã da época, reflectindo a frustração da nobreza portuguesa pelo desaparecimento da corte nacional, sob a dominação filipina.

    O seu nome foi atribuído à Escola Secundária de Francisco Rodrigues Lobo, em Leiria.
    É também nome de rua em Lisboa, freguesia de Campolide.

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  3. Se eu tivesse sabido, com antecedência, que vinha a Leiria, tinha pedido para encherem o rio.
    :)

    (desculpe a minha intromissão
    sou assim para o brincalhão).

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  4. E olhe que o Rui não brinca sem sentido!

    É que o rio Lis, no Verão, durante a maior parte do tempo, está cheio porque dispõe de um sistema hidráulico que retém a água, na zona da cidade e que regula esse nível automaticamente.

    Agora, a necessidade de limpar o leito, levou a que o deixassem correr livremente, aproveitando a chuvita que tem caído.

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  5. Minha querida

    Saio sempre daqui mais rica, não sabia dessa estória e nem conhecia o poeta.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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