sábado, 5 de setembro de 2015

CHEGARAM EM BARCOS E AVIÕES...



Chegaram em barcos e aviões num movimento que durou tempo demais. 
Ficaram conhecidos como os "retornados". 
Santa Paciência, não admito que me chamem "retornada", 
porque EU não retornei de lado nenhum, 
EU NASCI LÁ, eu era sim REFUGIADA
ERA ou SOU...
fosse como fosse, 
por acaso a VILA de PENELA 
arranjou uma casa para eu ficar com um filho de 2 anos? 
arranjou emprego para mim e marido? 
arranjou uma escolinha para o meu filho? 
que eu saiba, NÃO! 
Então, sendo nós "Portugueses" nada fez. 
Mas agora foi das primeiras localidades a arranjar apoio 
para 3 ou 4 famílias vindas da Síria ou sei lá de onde...
Não é revoltante? 
É, SIM...mas apenas para mim e outros como eu 
que "sentimos na pele" a rejeição quando cá chegamos. 



Meio milhão de "portugueses" foram integrados na sociedade portuguesa 
durante o período que foi do Verão de 1974 ao Verão de 1975, 
fruto da descolonização imposta pelo fim da ditadura do Estado Novo. 
Ou seja, também durante todo o ano de 1976, foi quando vim...
Muitos mais foram chegando, mês após mês.
Foi um movimento de integração populacional único que trouxe uma 
massa humana qualificada que contribuiu de forma decisiva para a 
construção do Estado democrático. 
Para a história ficaram conhecidos como os "retornados". 
Na realidade, são a última geração de portugueses que viveram 
e cresceram na África colonial portuguesa. 
Onde éramos felizes, tínhamos trabalho, 
casas para viver e muito mais, mas...quiseram que assim fosse.



É inaceitável ler o que apurei na minha pesquisa:
"É um dos momentos mais extraordinários da história portuguesa 
do século passado, a capacidade de integrar 500 mil pessoas que chegam 
em poucos meses", defende o empresário Alexandre Relvas, 
nascido em Luanda, 
para quem o movimento de integração dos retornados 
"correu tão bem que não é suficientemente valorizado, 
a sociedade portuguesa não valoriza essa capacidade enorme que teve". 
Também o sociólogo Rui Pena Pires, nascido no Huambo 
(antiga Nova Lisboa), e autor da única grande investigação sobre o tema 
(Migrações e Integração. Teoria e Aplicações à Sociedade Portuguesa, 
Celta, 2003), 
sublinha que houve uma "boa integração", uma vez que 
"não há marcas que se percebam". 
...
É inacreditável...afirmar que NÃO HÁ MARCAS QUE SE PERCEBAM
 Ah, pois... quantos milhares de pessoas que vieram dessa forma, 
andam ainda hoje em psicólogos e em tratamentos em médicos, 
quase 40 anos depois disso ter acontecido?
MARCAS QUE SE PERCEBAM...
é só ir fazer um estudo a consultórios médicos 
e saber, quantos ainda andam em tratamento e quantos se suicidaram 
e quantos acabaram por morrer com AVC's por não se adaptarem 
e não aceitarem uma nova vida, longe de tudo o que os fazia felizes.





Passo a citar o que pesquisei:
O sucesso de integração é identificado por Alexandre Relvas com a 
"extraordinária generosidade" da sociedade portuguesa e com o 
papel igualmente "extraordinário" que o Estado então desempenhou. 
Mas também a capacidade de iniciativa e de luta do conjunto 
de portugueses que regressaram e que trouxeram o conhecimento 
e a mais-valia de serem os últimos colonos portugueses em África. 
...
Ah sim..."a capacidade de iniciativa e de luta do conjunto de 
portugueses que regressaram e que trouxeram o conhecimento 
e a mais-valia... 
e, de que adiantou todo o meu conhecimento e experiência profissional? 
 Era bancária e nunca mais fui admitida na banca!!!
...
 Continuando as minhas pesquisas encontrei:
Não questionando a justeza da descolonização, o empresário de 
espectáculo e de comunicação social Luís Montez, 
nascido em Luanda, 
sustenta que a descolonização e o regresso dos portugueses 
à metrópole foi um processo "duro e não foi muito justo". 
...
A minha questão é: 
Alguém tem dúvidas sobre esta afirmação?

7 comentários:

  1. ACABEI DE LER...e transcrevo:
    Quando lhes perguntaram onde, preferencialmente, gostariam de ser acolhidos, apontaram Londres, Paris e Berlim.
    Mas, no dia 11 de Setembro, depois de uma viagem de avião, terão de percorrer cerca de 200 quilómetros, a partir do aeroporto de Lisboa, e de cortar para o interior, na zona centro, para chegar àquelas que serão as suas casas nos próximos dez meses.
    Um desafio para os 21 refugiados, que vão ser acolhidos na vila de Penela, mas também para os cerca de 5500 habitantes daquele concelho.

    O QUE DIZER?
    REVOLTANTE...
    a mim ninguém me perguntou onde gostaria de ser acolhida!!!
    Londres, Paris e Berlim.
    Chegam a Portugal no dia 11 de Setembro - viagem de avião - quem vai pagar essa viagem?
    NINGUÉM pagou a minha viagem e só me restava PORTUGAL
    ...
    para chegar àquelas que serão as suas casas nos próximos dez meses.
    AS SUAS CASAS....alguém me deu uma casa? um tecto?
    e eu tinha um MENINO de 2 anos!!!
    ...
    Um desafio para os 21 refugiados, que vão ser acolhidos na vila de Penela
    ...
    um desafio?
    uma benção do céu é o que lhes vai acontecer
    DESAFIO foram 3 pessoas, eu marido e criança estarmos dias sem comer pois o dinheiro não cai do céu...

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  2. Seja tolerante. As injustiças e as desigualdades ferem,mas estes políticos não se incomodam. Eles querem ser vistos e tirar partido da desgraça dos pobres e desvalidos.
    Os retornados não tiveram culpa das políticas de descolonização nem dos dias amargos que viveram.

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  3. ACABEI DE LER ONLINE respostas de pessoas sobre o tema dos últimos dias:

    Transcrevo um dos comentários:

    Tenho a concordar com a Mariana.
    o problema é que eu acho que estas pessoas vêm com a ideia que são refugiados e vivem de subsidios.
    Essa é a realidade aqui..
    quem é refugiado tem casa,
    curso de lingua pago e mais uma data de coisas
    (nao falando dos altos subsidios que ha por cada crianca...)
    e é triste ver que a maioria depois nao trabalha.

    e depois passa-se o problema em que pessoas pobres, mas cujos paìses nao estao em guerra, nao têm "abèbias" nenhumas..
    nem um incentivo monetario para tirar o curso de noruegues por exemplo...
    è uma dicotomia um pouco estranha.
    Tambem nao acho que a culpa seja da Europa.
    E tenho de concnordar com tudo o que o ultimo anonimo disse. Vamos la ver no que isto dà daqui a uns anos... mas nao estou à espera que estas pessoas venham trabalhar (ou tentar integra-se)... por isso espero que daqui a uns anos nao resolvam dizer que sao "incompreendidos e inadaptados" e que justifiquem um atentado com isso.

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  4. OUTRO COMENTÁRIO ONLINE que transcrevo:

    Parabéns a pessoas como a Mariana e como o anônimo das 10h14, pessoas inteligentes, que conseguem ver o panorama geral das coisas e o quanto isto vai custar a Europa.

    Acho que não há ninguém civilizado que não sinta empatia/pena, o que lhe quiserem chamar, por estas pessoas mas os que defendem o "mandem entrar, podem vir para aqui" não tem noção que abrindo a porta a mil
    daqui a 5 anos são milhões, milhões que nós não temos como manter,
    como pagar subsídios, etc.
    E não venham dizer para termos vergonha de falar de questões econômicas.
    Os hipócritas que dizem que isso não interessa é que têm de ter vergonha,
    porque quando lhes começar a mexer no bolso eu quero ver a vossa solidariedade.
    Estas pessoas precisam de ajuda,
    e essa ajuda será impossível de dar permitindo que todos entrem aqui.
    É outro tipo de ajuda que elas precisam.
    E não pode ser só da Europa.

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  5. OUTRO COMENTÁRIO ONLINE que transcrevo:

    Portugal diz que vai acolher cerca de 1500 refugiados.
    Eu só penso, são 1500 pessoas, o que é isso no universo que é a população portuguesa? Não é nada!
    Se forem bem integrados, podem até criar riqueza para o país, trabalhando e pagando impostos como qualquer um de nós.
    São pessoas, só querem viver e que as deixem viver.
    Não entendo esta coisa de "fechar portas" à entrada de pessoas nos países,
    acho que todos devemos ser livres de vivermos onde quisermos,
    o mundo não é de ninguém.
    Aceitando e cumprindo as regras de cada país, claro, mas vivendo livremente.
    E quanto aos refugiados (que não entram "legalmente" nos países para onde se deslocam) só temos é de os acolher e proporcionar o que proporcionamos
    a outra pessoa qualquer que aqui nasceu!

    PALMAS..........PALMAS.........para a pessoa que escreveu este comentário!!!

    Devia passar dias sem comida como eu e o m/filho passamos
    e EU pergunto-lhe:

    SERÁ QUE TEVE A MESMA OPINIÃO quando os desalojados das EX-COLÓNIAS vieram com uma mão à frente e outra atrás?
    ...NÓS também éramos pessoas, só queriamos viver e que nos deixassem viver.
    LÁ ONDE NASCEMOS, ESTUDAMOS, tinhamos os nossos pertences...
    ...
    AH....e, continua:
    acho que todos devemos ser livres de vivermos onde quisermos,
    o mundo não é de ninguém.
    NÃO FOI ISSO QUE ESTES GOVERNANTES fizeram aos ex-colonos, pois não?
    ...
    e, o POVO, no geral dizia que os que vinham das colónias ESTAVAM A ROUBAR-LHES OS EMPREGOS, OS LUGARES NAS EMPRESAS...
    já se esqueceram???
    ...
    MELHOR DE TUDO escreveu:
    - só temos é de os acolher e proporcionar o que proporcionamos
    a outra pessoa qualquer que aqui nasceu!

    SÓ VISTO...!!!

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  6. O drama dos chamados retornados das ex-colónias ainda está por escrever e a própria história ainda não contou nem comparou aquilo que perderam ou ganharam os povos que ficaram - legitimamente (?) - donos daqueles territórios.
    A verdade é que se os europeus desbarataram o continente africano (ainda estão a pagar caro e vão pagar muito mais caro), a verdade é que as descolonizações (portuguesas e outras de outros países anteriormente) não trouxeram nada de novo aos indígenas, muitas vezes pelo contrário, o que mudou foram os soberanos: antigamente eram os colonos, agora são as próprias elites locais. E não sei o que será pior. Há uns anos era politicamente incorrecto dizer o que estou a dizer - ainda para mais sendo eu uma pessoa da chamada área da esquerda desde sempre - mas a verdade é que a descolonização mal negociada por políticos incompetentes marcou negativamente milhares e milhares de famílias portuguesas, que no fundo, não eram portuguesas, mas sim africanas, tal como são portugueses as segundas e terceiras gerações de africanos em Portugal... e a ninguém passa pela cabeça enviá-los para as terras dos seus avós... bom, muito mais haverá a dizer, depois um dia quando falarmos pessoalmente...

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  7. Estes teus últimos posts são pertinentes, actuais e controversos... isto a meu ver... Infelizmente NUNCA chegaremos a saber a verdade de todos estes esquemas políticos. Ainda ontem assisti a um filme que "ilustra" as minhas palavras “O Mensageiro”. Baseado numa história verídica conta como o jornalista Gary Webb se tornou o alvo de uma intensa campanha de difamação após denunciar o envolvimento da CIA com os rebeldes Contras da Nicarágua e o tráfico de cocaína. O caso foi denunciado, muita roupa suja lavada, alguns agentes da CIA condenados mas o "desgraçado" apareceu morto em casa com dois tiros na cabeça. Isto por falar verdade.. alegaram suicídio.. seria ?
    Bom, este caso nada tem a ver com refugiados, contudo, tem a ver com manipulação, lavagens cerebrais e interesses políticos.
    Não entendo nada de politica nem quero entender, serei cobarde.. ignorante não sei... o que quiserem.. Só sei que não tenho opinião completamente formada sobre o caso de migração que se passa no momento.
    Também vivi muito de perto um caso de "retornado" que tal como tu não o era... meu irmão que nasceu no Lobito, teve de regressar a um país que não era o dele, com apenas nove anos de idade. Tal como estas crianças que se veem agora sem casa, sem nada.. assim o meu irmão ficou... ainda ficou com vida.. alguns já a perderem... Como se não bastasse ao chegar a Portugal foi afastado dos pais ( adoptivos ) mas para ele, os pais verdadeiros... o pai, morreu com uma septicemia após o ferimento causado por uma granada e a mãe, morreu alguns anos depois com cancro de mama... resultado! Por ter perdido tudo, inclusive a identidade, hoje sofre de um distúrbio mental gravíssimo... o meu irmão, como tantos outros, ficaram com a vida destruída. Ele, tu, ou alguém que se viu nestas alhadas, tinham culpa da colonização e da guerra ? não ! Será que estes migrantes tb não são vitimas ? Agora ! Se me perguntam se Portugal os deve acolher, aí é diferente.. Não está o nosso país numa situação económica complicada ? Então se não há meios, para nós, há-os para os estrangeiros ? Não é xenofobia é a realidade.
    Temo que estejamos a caminhar para uma grande guerra... por vezes sinto vergonha de ser humana. Somos um bicho sem escrúpulos que se auto-destrói.
    Estas foram as minhas primeiras e ultimas palavras sobre este tema. Recuso-me a falar de tanta imundice ... Respeito todas as opiniões !! E dou-te os parabéns pelas "reportagens" . Muito bem formuladas que sem dúvida poderiam ser pagina de jornal.
    Um beijinho.

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