AVÓ SENTADA COM CHAPEUZINHO DE PALHA
INFINITA PACIÊNCIA A DO CARDO NAQUELA DUNA
UMA AVÓ COM CHAPEUZINHO DE PALHA
SENTADA A VER O MAR E A FLOR
a família está na água
(...continua)
POEMA
de
ABEL NEVES
Gosto de comprar o Jornal "Público" aos sábados,
pois contém a revista "Fugas"
e descobri que em 2011 também havia uma rúbrica intitulada:
POEMA AO SÁBADO
e, foi assim que descobri este belo poema de Abel Neves
associo sempre uma imagem minha aos poemas que transcrevo,
é certo que na imagem em causa,
esta doce avó não tem chapéu de palha,
mas está sentada e tem junto a ela "cestos de verga"
feitos por aquelas hábeis e já enrugadas mãos.
Acho a foto uma delícia, daí que fiz a associação.
(indo aos comentários acabam de ler o belo poema)
INFINITA PACIÊNCIA A DO CARDO NAQUELA DUNA
UMA AVÓ COM CHAPEUZINHO DE PALHA
SENTADA A VER O MAR E A FLOR
a família está na água
(...continua)
POEMA
de
ABEL NEVES
Gosto de comprar o Jornal "Público" aos sábados,
pois contém a revista "Fugas"
e descobri que em 2011 também havia uma rúbrica intitulada:
POEMA AO SÁBADO
e, foi assim que descobri este belo poema de Abel Neves
associo sempre uma imagem minha aos poemas que transcrevo,
é certo que na imagem em causa,
esta doce avó não tem chapéu de palha,
mas está sentada e tem junto a ela "cestos de verga"
feitos por aquelas hábeis e já enrugadas mãos.
Acho a foto uma delícia, daí que fiz a associação.
(indo aos comentários acabam de ler o belo poema)
infinita paciência a do cardo naquela duna
ResponderEliminaruma avó com chapeuzinho de palha
sentada a ver o mar e a flor
a família está na água
e a velha senhora com um sorriso chama chama
chama e chama
há muitas algas ruídos e coisas assim
ela chama
a avó está a chamar diz o netinho com o nariz na onda
uma das filhas vai e o que ela quer
é melancia mas não há
a velha sorri para a flor do cardo
onde é que agora vão buscar melancia?
mas o marido da filha vai
sem gosto no que faz o homem vai
ao restaurante e volta
com a talhada na mão
agora a avó está a comer a melancia
e todos voltam com as suas vozes ao mar
que manhã que sol
a velha senhora pousa a casca da melancia sobre as pernas
ainda lhe sente o fresco no algodão preto do vestido
e grainhas na língua
ainda olha o cardo e a duna e o marido que morreu há muito
a vida toda passa e ela adormece
o neto ainda diz
a avó já não quer a melancia
mas ninguém o ouve
que sol que mar
a Grécia tem manhãs assim
(Abel Neves)
Abel Neves
ResponderEliminar(Montalegre, 1956)
é um dramaturgo e romancista português.
Nascido em 1956, em Montalegre,
num dia de nevão de Primavera,
Abel Neves passou ali a primeira infância,
na companhia dos pais e das duas irmãs mais velhas.
Ainda hoje tem família naquela vila transmontana.
Lembra-se de adorar brincar com fisgas e de construir verdadeiros trenós, com uma tábua de madeira, com uma barra de sabão por baixo. Quando nevava,
deslizava a velocidades estonteantes
numa certa ruazinha inclinada para onde ia com os amigos,
com quem também jogava muito à bola
continua a gostar muito de futebol, sendo adepto do Porto.
Também brincava sozinho, em casa,
imaginando-se maestro de uma grande orquestra.
Saiu cedo de Montalegre, mas voltava muitas vezes nas férias.
ResponderEliminarO pai, funcionário público,
foi variando de postos e a família andou a cirandar um pouco por todo o país.
Fixaram-se em Gaia e mais tarde em Lisboa.
O adolescente Abel Neves que começou a escrever aos 14 anos foi estudar para o Liceu Camões.
Desde sempre apaixonado pelos livros, tinha lido A Aparição, de Vergílio Ferreira e comprara nesse ano o romance Nítido Nulo.
O autor era então professor no liceu, mas Abel não era seu aluno.
Um dia, munido de toda a coragem que conseguiu reunir
e com o livro na mão,
entrou na sala de aulas onde estava o escritor.
Queria pedir-lhe um autógrafo.
"Nunca mais me esqueci do que me disse,
olhando alternadamente para mim e para o livro:
Quem é que te mandou cá, rapaz?".
"Ninguém".
Gostava muito do autor e só queria uma dedicatória.
Ficou algo desiludido quando este apenas assinou o seu nome.
...
Acabado o liceu, escolheu seguir Filosofia,
ResponderEliminarna Faculdade de Letras.
E, quase no fim do curso, desistiu para se dedicar ao teatro. Apresentou um texto
(O Elogio do Dia) a João Mota, que não conhecia.
O actor e encenador gostou do que leu e apostou no rapaz de 22 anos.
"Foi muito estimulante esse tempo na Comuna", recorda Abel Neves.
Nos 12 anos que esteve na companhia, de 1979 a 1991, fez de tudo.
Foi actor, fez dramaturgias, ajudou nas luzes, mudou as tábuas do palco.
"O teatro é uma casa e quem lá está dentro deve participar em todos os aspectos da vida daquele lugar", reflecte.
Saiu quando se "esgotou" o tempo da sua passagem por ali.
Não voltou a trabalhar em exclusivo com nenhuma companhia,
embora tenha colaborações regulares com algumas,
como o Teatro da Serra de Montemuro, que acompanhou desde o início.
A ideia de viagem também é uma constante em mim...
ResponderEliminarAdorei a foto!
Beijinhos.
Uma paragem no tempo para cumprimentar e agradecer a uma avózinha assim...
ResponderEliminarTens razão, a imagem acaba por se enquadrar perfeitamente no poema :)
ResponderEliminarDeixo um beijito.