sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

POETA ISIDORO MANUEL PIRES



Jornalista e Poeta 1894 - 1958

Nasceu na Praça da Alagoa em 12 de Janeiro de 1894

Vice-Presidente da Câmara em 1923/25

e Presidente entre 1937-1939

Isidoro Pires foi notável jornalista e fundador do Povo Algarvio


No Jardim de São Francisco há duas pedras com versos de sua autoria.

1961 -- Publicação do livro "Versos"

História: Como Presidente de Câmara tomou muitas iniciativas culturais nomeadamente a criação da Banda Musical de Tavira (1925)

e a construção do Parque Municipal -- recinto de recreio e cultura-- no Alto de Santa Maria (Palácio da Galeria).



Maria toma cuidado

vê onde pisas o chão!...

se dás um passo mal dado

pisas o meu coração.



ALMA PORTUGUESA

Tão grandes são os feitos portugueses,
De tão honrosa fama a sua história,
Que parecem um sonho; e, muitas vezes,
Nem sonhando se vê tanta vitória!

Lutar co’o ignoto Mar, meses e meses,
Do qual só vinham monstros à memória,
Para dar entre p’rigos e reveses
Novos mundos ao Mundo – é uma glória!

E se olharmos p’r’à Gente Brasileira,
(Que apenas pelo nome é que é estrangeira!)
Palpitante de vida e luz do Céu;

Sentimos, com orgulho de nobreza,
Ser grande demais a Alma Portuguesa
Para caber na terra onde nasceu!...

(in: “Versos”/1961)

9 comentários:

  1. Isidoro Manuel Pires
    natural de Tavira
    (12.01.1894/21/07/1958) – dedicou grande parte da sua vida às letras.
    Foi proprietário e director do jornal “Povo Algarvio” (Tavira),
    desde 1946 até à sua morte.
    Muito empenhado como organizador das Festas citadinas, principalmente as dos Santos Populares.
    Foi por duas vezes Presidente da Câmara Municipal da sua terra,
    a última das quais entre 1937 e 1939, altura em que criou a Banda de Tavira,
    adquiriu o Parque Municipal
    e o Castelo de Tavira.

    Júlio Dantas, no prefácio do seu livro “Versos”, referiu:
    “…Na rica antologia do Algarve há mais um poeta. E a obra deste poeta – veio de água pura e cristalina – inspira-se nas velhas formas tradicionais.”
    Além de “Versos”,
    publicou “Quadras”/1932
    e “Ecos do Coração”/1941

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  2. Continuamos nuestro paseo
    disfrutando la fresca sombra
    del Jardín do Coreto
    y nos topamos con este busto
    cuya autoría se debe al artista Raúl Xavier.

    Isidoro Manuel Pires
    fue un distinguido poeta y político tavirense, quien ocupó el cargo de Alcalde de la ciudad.

    Este monumento de homenaje fue inaugurado en 1961.

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  3. Na conhecida carta a Adolfo Casais Monteiro,
    datada de 13 de Janeiro de 1935,
    Fernando Pessoa escreve sobre a génese dos heterónimos:
    « Álvaro de Campos nasceu em Tavira,
    no dia 15 de Outubro de 1890 (às 1,30 da tarde,
    (…)é engenheiro naval (por Glasgow),
    mas agora está aqui em Lisboa em inactividade.»

    Para além disso criou-o à sua imagem e semelhança.
    Desde o seu retrato físico:
    1,75 de altura, mais dois centímetros do que ele; à sua vida : transportando-o para uma vivência da sua infância adaptada à realidade algarvia:
    “Meu horizonte de quintal e praia!”; “Na nora do quintal da minha casa o burro anda à nora, anda à nora / E o mistério do mundo é do tamanho disto”.

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  4. Mas só por conhecer bem a terra,
    podia Fernando Pessoa ter sentido assim uma chegada de Álvaro de Campos a Tavira, parando diante da paisagem:

    «Cheguei finalmente à vila da minha infância./Desci do comboio, recordei-me, olhei, vi, comparei./(tudo isto levou o espaço de tempo de um olhar cansado).Tudo é velho onde fui novo».

    E ei-lo depois,
    ali na cidade observando a paisagem vista da mesa do café que convoca um «Chá com torradas na província de outrora(…)
    Na ampla sala de jantar das tias velhas »ali no nº40, do largo da Alagoa defronte à antiga igreja da Nossa Senhora da Ajuda.

    Mas o homem de gabardine cinzenta levanta-se, e sente:
    «Trago o meu tédio e a minha falência fisicamente no pesar-me mais a mala. De repente avanço seguro, resolutamente»…a pé pela velha ponte romana sobre o rio de uma maré-baixa. Olha pró lado da barra e pressente ao fundo
    «Ah, as praias longínquas, os cais vistos de longe,/ E depois as praias próximas, os cais vistos de perto.
    Depois vira para um bonito jardim florido que tem já um coreto vindo da fundição do ouro no Porto.

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  5. Já na residencial ‘Sécqua’ o homem que de roupa interior branca que acende um cigarro, aparece reflectido no espelho do guarda-fato, como um «(…)tipo judeu vagamente português de cara rapada».

    Da janela do seu quarto observa a mulher que chega num carro preto, olhando para o edifício, fugindo da chuva oblíqua.
    Toca a campainha e sobe apressada.
    Quer saber qual a porta do Sr. Engenheiro.
    Bate e ele abre-a.
    Traz cartas, mapas e projectos.
    E também alguns livros.
    De novo só, o homem «alto e magro de cabelo liso aparado» tem febre e escreve :
    «cada rua é um canal de uma Veneza de tédios»,
    a frase solitária que surge na folha logo que premidas as teclas da máquina Royal.
    Pensa que esta poderá bem ser a sua última visita a
    «Esta vila da minha infância é afinal uma cidade estrangeira.

    Sou forasteiro, tourist, transeunte».
    Ninguém escolhe onde nasce, muito menos poderia um heterónimo.

    No entanto esta origem de Álvaro de Campos não é fortuita,
    uma vez que o seu criador tinha mesmo vários familiares ali na antiga cidade de Tavira.

    Mas é talvez da influência do seu tio-avô- Jacques C. Pessoa, essa histórica figura : ‘livre-pensador’ (como escrito na sua lápide funerária no cemitério de Tavira), que se reforma o Pessoa de Fernando e se forma a nova pessoa em Álvaro de Campos.

    Ou então, tal como diz Teresa Rita Lopes,
    ‘Álvaro de Campos é o retrato melhorado de Pessoa’,
    é através de Álvaro de Campos que Fernando Pessoa se libertava,
    que viajava, que amava, que se elevava.

    Este heterónimo era tão importante para ele que tinha uma vida para além da escrita dos poemas.

    Tanto assim foi que acabou por sobreviver ao próprio Pessoa.
    Campos ainda assinava poemas em 12 de Outubro de 1935, um pouco antes da morte de Fernando Pessoa, coisa que este então já não fazia.

    A importância actual da poesia de Fernando Pessoa no universo literário universal deve muito aos versos de Álvaro de Campos.

    Alguns dos mais importantes poemas da sua obra foram escritos por Campos, como por exemplo aquele que é considerado como dos mais importantes e mais traduzidos poemas do séc.20- ‘A Tabacaria’.

    É através de Álvaro de Campos que Pessoa se tornou a grande figura da literatura portuguesa aquém e além fronteiras.

    Álvaro Campos é o mais moderno

    «Ó fábricas, ó laboratórios, ó music-halls, ó Luna-Parks, ó couraçados, ó pontes, ó docas flutuantes.; o mais filosófico

    «Não sou nada/Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada/Àparte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo»; mas também o mais sentimental «Mas, afinal,/só as criaturas que nunca escreveram/Cartas de amor/É que são/ Ridículas» e temperamental «Nada me prende a nada./Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.» É o mais cosmopolita «Luzes e febris perdas de tempo nos bares, nos hotéis, /(…)nos Ascots,/ E Piccadilies e Avenues de l’Opera que entram/Pela minha alma dentro!», mas o mais regional «E fui criança como toda a gente./Nasci numa província portuguesa» …..e mais ligado às raízes familiares«o relógio tictaqueava o tempo mais devagar/(…)o chá das noites socegadas que não voltam»

    Agora tem uma biblioteca, uma rua e uma associação cultural com o seu nome na sua cidade, mas ainda é pouco para o poeta, sobre o qual Pessoa confessou:
    «(…) pus em Álvaro de Campos toda a emoção que não dou nem a mim nem à vida».

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  6. Minha querida

    Gostei do teu novo blogue...muita informação.
    Quanto a Pessoa...Estive há pouco tempo no S.Jorge a assistir à estreia do filme "Ophiussa uma cidade de Fernando Pessoa", onde o meu filho interpreta Fernando Pessoa, o filme é maravilhoso.
    Voltarei mais vezes e deixo um beijinho
    Sonhadora

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  7. O teu novo blogue é belíssimo.
    E tem boa poesia, como neste post.
    Beijo, querida amiga.

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  8. Por onde anda a ALMA portuguesa? Se a encontrares...dizes-me?
    Beijo.

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  9. Ser poeta, uma forma por portas e travessas se expressar o que se sente.
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    Felicidades
    Manuel

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