terça-feira, 8 de setembro de 2015

UM BRINDE A MIM


UM BRINDE A MIM

que passei por tanta m*rda, e continuo aqui de pé!




A 7 de Setembro de 1974, 
a 5 dias de dar à luz o meu filho, 
há 41 anos, 
fui ao edifício onde a minha médica obstetra dava consultas 
e, um negro de metralhadora em punho 
encostou o cano à minha enorme barriga 
e eu fiquei ali parada, 
petrificada da cabeça aos pés...
Porque, neste dia 7 de Setembro de 1974 foi assinado 
na capital da Zâmbia, 
entre o Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique, 
o denominado Acordo de Lusaka. 
Neste acordo o Estado Português não só reconheceu formalmente 
o ‘direito do povo de Moçambique à independência’ como acordou 
a data e os passos da transferência para a FRELIMO 
da soberania que detinha sobre o território de Moçambique. 
Na véspera, 6 de Setembro, Lourenço Marques despovoara-se 
por causa dos comícios organizados pela Frelimo. 
Via-se cada vez mais claramente que o poder saía da boca 
das espingardas, uma velha lição sempre renovada. 


Moçambique, 7 de Setembro de 1974: os dias do fim
Após o 7 de Setembro, devo apenas mencionar que morreram nesses dias 
mais civis do que em todos os 10 anos de guerra anteriores. 
Criou-se um regime de terror, forças do nosso próprio exército 
(sobretudo oriundas da Metrópole) 
exaltaram os ânimos dos pretos contra os brancos 
“fascistas” e “colonialistas”. 
“7 de Setembro de 1974: 
O último grito de portugalidade em Moçambique”
Houve uma debandada geral da população, e era a chamada lei 24/20: 
24 horas para sair, carregando apenas 20 kg. 
Os jornais da época estão cheios de fotografias e relatos do que foi 
a saída dos Portugueses. Mário Soares sugeriu até 
“atirar os brancos aos tubarões”! 
Soldados negros de incorporação local, sobretudo das forças 
chamadas especiais são perseguidos e mortos tanto em Moçambique 
como em Angola e na Guiné. 
Portugal não soube proteger os Portugueses, 
abandonando-os à sua sorte.
Como devemos ver este livro?
Este livro deve ser visto como uma radiografia de um momento 
histórico, com evidentes componentes emocionais por parte da autora, 
mas sempre com uma visão de Portugalidade que é inegável, 
e, tanto quanto a memória lhe permitiu, 
um relato fiel do que realmente aconteceu em Moçambique 
entre 7 e 11 de Setembro de 1974. 
...
E, 5 dias depois nascia o meu filho, que veio para Portugal 
com 2 anos e 3 meses, e em breve completa 41 anos.


5 comentários:

  1. Há quarenta e um anos, no dia 7 de Setembro de 1974,
    um levantamento popular exigia que o povo moçambicano fosse ouvido em plebiscito, mas os golpistas de Abril desrespeitaram o previamente acordado e entregaram Moçambique à Frelimo.

    Clotilde Mesquitela (1924 – 2005) registou essa revolta no livro
    “7 de Setembro: Moçambique – memórias de uma revolução”,
    agora republicado pela Branco Editores
    e que foi lançado no dia 4 de Setembro de 2014,
    no Palácio da Independência, em Lisboa,
    apresentado por Adriano Moreira,
    Luís Fernandes, Eugénio Brandão e Óscar Soeiro.
    Duarte Branquinho entrevistou o Pedro Mesquitela, filho da autora

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  2. Gostava de ler esse livro, apesar decerto me ir horrorizar com o seu relato... normalmente "fujo" e tu sabes.
    Há momentos / situações que despertam "fantasmas" adormecidos... eles estão lá, assombram-nos, mas vamos convivendo mais ou menos com eles, quando algo os desperta gera em nós diversos sentimentos e tudo volta a ser revivido. É o que denoto contigo devido a esta situação de migração do momento.
    Deixo-te um abraço de força e compreensão. "Grita" a tua dor, revolta, seja o que for, até "despejares" despeja depressa que sofrer faz mossa e tu não mereces.
    Beijinho grande.

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  3. Tocaste num tema que muitos portugueses - em especial governantes e responsáveis na altura - têm medo de verem despoletado. Os chamados retornados até sofreram em silêncio, as revoltas foram poucas, talvez por as pessoas nem compreenderem o que se estava a passar. A verdade é que os portugueses em África foram completamente deixados à sua sorte, os governos da Metrópole não quiseram simplesmente saber ou tentar negociar com os chamados movimentos de libertação, sendo que a maior parte desses movimentos não foram de libertação mas carrascos para o seu próprio povo, pois no geral os africanos das ex-colónias vivem pior agora do que na altura, à excepção dos privilegiados.
    Penso que a história da descolonização ainda nem começou a ser escrita, só agora aparecem pessoas com coragem para irem contando o que se passou, e muitos dos responsáveis estão velhos mas ainda estão vivos... mas quando se escrever penso que todos iremos ver o erro tremendo que foi este tipo de descolonização...

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  4. SEI QUE VÁRIAS PESSOAS
    vieram ler os últimos posts que DECIDI ESCREVER
    ...
    só que...NÃO TÊM CORAGEM de deixar um comentário!

    É o País que temos com as pessoas que nele habitam.
    É muito mais fácil...pôr as mãos nos bolsos, assobiar e seguir em frente
    do que ENFRENTAR A REALIDADE
    ...
    ATUALMENTE VIVE-SE MAIS de situações VIRTUAIS
    longe dos nossos olhos, do nosso alcance
    porque sempre foi assim A REALIDADE É DURA
    ...
    Tal como essas pessoas entendem seguir e não se manifestarem
    também eu sendo dona deste Espaço
    quando entender que aquilo que "decidiram escrever" não me interessar
    tenho o direito de ignorar...

    Porque é de gente reactiva que gosto
    CHEGAM lêem e dizem o que lhes vai na ALMA
    ...
    gente que enfia a cabeça na areia como a AVESTRUZ
    dispenso
    ...
    Há momentos bons e maus nas nossas Vidas
    temos que saber falar tanto de uns como de outros
    ...
    situações que despertam "fantasmas" adormecidos...
    quando algo os desperta gera em nós diversos sentimentos e tudo volta a ser revivido.
    é verdade ANA...
    É o que, de repente está a acontecer comigo, devido a várias situações do PASSADO por exemplo, a situação de migração do momento.
    ...
    SIM é isso que farei:
    "Grita" a tua dor, revolta, seja o que for, até "despejares"

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  5. Nenhuma guerra é fácil de se viver... infelizmente os homens são os seus maiores inimigos... é triste ver todos os dias milhares de pessoas morrerem no mundo devido a uma guerra que nunca terá fim... sempre existirá uma razão para alguém se odiar... Um dia me perguntaram se rezo pela paz... eu respondi que não... então ficaram em choque. Eu rezo todos os dias pelo AMOR porque tem tem amor no coração não faz Guerra, sem Guerra o mundo vive me Paz. Bjs

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