Hoje, n' "Os meus Pensamentos"
está o passeio fotográfico que fiz à NAZARÉ
em todos os passeios aprendo sempre alguma coisa e, aqui fui surpreendida também...
andando pela praia no final da tarde, encontrei 2 ou 3 peixeiras,
com estas redes a que chamam "estendal"
e em conversa com uma das senhoras,
descobri que a Dª Francelina é muito conhecida pelos turistas que visitam a Nazaré e muito fotografada por todos,
inclusivamente foi mesmo a Dª Francelina que nos deu dicas para as fotos que lhe fizemos (adorei conhecer esta senhora)
FRANCELINA foi ao programa da TVI
MASTER CHEFE dia 9 de maio de 2015
(quando a vi, lembrei-me das fotos
que lhe fiz e daí decidi que
tinha que fazer este post)
“Isto está a acabar”, lamenta-se a peixeira.
“Isto” é a venda de peixe
seco,
uma tradição antiga e um dos
bilhetes-postais da Nazaré.
São sete da
tarde e a banca continua cheia.
“A malta nova hoje não quer nada disto.
Só os mais velhos é que
compram,
e esses estão a desaparecer.”
As técnicas também diferem:
um carapau seco deve ficar uns dois a três
dias ao sol, dependendo das condições
atmosféricas e da temperatura e pode ser
comido cru e desfiado ou cozido e regado
com azeite, vinagre ou sumo de limão e
alho picado. O carapau a que chamam “enjoado”
fica apenas um dia, ou algumas
horas ao sol,
passa por uma salmoura menor e é geralmente
grelhado. Por força
do hábito, os nazarenos
ganharam gosto a este peixe assim seco
e deliciam-se
quando o comem.
Mas e os outros?
Bem, os outros — os não nazarenos,
entenda-se
— passam, olham, fazem perguntas.
E não compram.
Raul Brandão escreveu
que as peixeiras da Nazaré
“são a vida desta
terra”.
No livro Os Pescadores, escrito no início da
década de 1920, fala delas
assim:
“Surpreendo-as na labuta de todos os dias:
carregando peixe,
salpicando-o de sal
e estendendo na areia sobre palha o cação,
o polvo, o
carapau, para a seca.”
Também Alves Redol descreve
a “lida sem fim” destas
mulheres.
Esta Senhora é Francelina Quinzico de 55 anos,
natural da Nazaré,
esteve no Museu Dr. Joaquim Manso
à conversa sobre a “seca do peixe”.
Filha de mãe “cabazeira” e pai pescador,
nasceu no
seio de uma família numerosa,
quando as crianças eram criadas na praia.
Por
isso, desde sempre, conheceu o que era
a “seca do peixe”, embora a ela só se
tenha
dedicado a tempo inteiro a partir dos 20 anos.
Desde então, faça sol ou
chuva, calor ou frio,
sem férias nem fins-de-semana,
todos os dias vai à lota
comprar peixe,
para amanhar, escalar e estender nos
paneiros da Praia.
A sua imagem corre mundo nas fotografias
dos turistas que diariamente
param junto do
“estendal”, mas é ainda do consumo nacional
que mais garante o
seu sustento,
vendendo o peixe seco nos vários mercados
da região. As mudanças
foram muitas, desde o
tempo de infância; as regras de higiene e
os hábitos
alimentares alteraram-se,
mas basicamente o processo de secagem do peixe
mantém-se. “E seca-se tudo o que aparecer!”
Assim é na NAZARÉ
“Indústria Conserveira na Nazaré” em exposição no Centro Cultural da Nazaré
ResponderEliminarAbriu no dia 9 de maio a exposição “Indústria Conserveira na Nazaré”, uma exposição que pretende recuperar as memórias ligadas à tradição conserveira nesta praia piscatória, nomeadamente as referentes ao período de laboração daquela fábrica (anos 1930/40 – início dos anos 1980?).
Trata-se de uma exposição pioneira que dá a conhecer os primeiros resultados da investigação ainda em curso, reunindo informação documental e fotográfica que atesta, afinal, a existência de várias unidades conserveiras na Nazaré, desde finais do século XIX, muitas já caídas em esquecimento.
“Indústria Conserveira na Nazaré. Primeira Mostra” - 9 de maio a 21 de junho 2015
ResponderEliminarLocal:
Centro Cultural da Nazaré
Organização:
Câmara Municipal da Nazaré e Museu Dr. Joaquim Manso
No dia 16 de maio, pelas 18h00, dando início ao programa da Noite dos Museus 2015, tem lugar um Welcome Drink
e Degustação “Sabores da Nazaré – As Conservas”,
com a colaboração
dos Cursos de Cozinha, Bar e Eventos da Escola Profissional da Nazaré,
da Granja de Cister | Cooperativa Agrícola de Alcobaça
e da peixeira Francelina Quinzico.
Agora que as “conservas” voltam a estar no paladar dos portugueses,
ResponderEliminare são um produto nacional para exportação,
esta exposição marca uma atualidade.
É uma “primeira mostra”, uma exposição de memórias e a abertura de um caminho…
Eventos associados à exposição:
16-maio - 18h00
Welcome Drink e Degustação “Sabores da Nazaré – as Conservas” pela EP Nazaré e Granja de Cister – Cooperativa Agrícola de Alcobaça
18-05 - 17h30
Tertúlia “Das memórias das Conservas à gestão sustentável dos recursos”
18 maio, segunda-feira | DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS
O Museu Dr. Joaquim Manso estará excepcionalmente aberto ao público, entre as 10h e as 19h, com entradas gratuitas.
14h30 – “Nós do Museu”. Apresentação dos trabalhos dos alunos do 2º Ano do Centro Escolar da Nazaré / Agrupamento de Escolas da Nazaré,
encerrando o projeto educativo “Nós do Museu”,
desenvolvido no ano letivo 2014/2015, no âmbito do Programa Mobilidade de Educadores / Fundação Calouste Gulbenkian.
Local: Museu Dr. Joaquim Manso
Olá Ester,
ResponderEliminarGostei muito das tuas fotografias, lindíssimas e também do texto. Embora conheça o peixe seco aprendi muito aqui sobre o que anda à volta da secagem. Sempre gostei muito da Nazaré e das mulheres do mar, que na minha juventude ainda usavam quase todas as sete saias e eu passava muitas vezes por lá com os meus pais e gostava de ficar a obsevar as fainas dos pescadores. Tenho mesmo um poema dedicado a estas mulheres, que para além de trabalharem muito, quantas vezes esperam no areal com ansiedade o regresso dos seus homens quando o mar está bravo.
Beijinhos para ti e saudades.
Branca
Mais uma excelente reportagem que poderia figurar em qualquer revista da actualidade, na Visão, na Sábado, nas revistas dos jornais, até na revista do Expresso... tenho visto publicadas coisas muito mais fracas, e o teu artigo (deixa-me chamar-lhe artigo e não post), além das fotos que falam por si, ainda acrescentas texto inédito e bem escrito. Parabéns. Já estive várias vezes na Nazaré e nunca consegui fazer nada semelhante...
ResponderEliminarAté agora só tinha visto polvo seco, mas a minha mulher diz-me que comeu carapau seco quando era miúda.
ResponderEliminarBeijinho
Gostei mesmo desta reportagem. Obrigada.
ResponderEliminarBeijo.
Fotos lindas mesmo... não conhecia essa tradição do peixe seco...
ResponderEliminarTradições a preservar.
ResponderEliminarBeijinhos
Excelente reportagem, lindíssimas fotografias.
ResponderEliminarBom domingo
Um abraço
Maria
Quando estive colocado na Batalha visitei muitas vezes a Nazaré e conheci bem a seca do peixe, que cozinhado é uma delícia e me faz recordar o peixe seco que comi em África, frito e acompanhado com farinha de milho cozida... Outros tempos.
ResponderEliminarCumps
Sabes a sensação que sentimos ao ler um livro que gostamos muito ? Aquela de querer chegar ao final mas ter pena de o mesmo terminar ? Foi verdadeiramente o que senti ao ler o teu post. que como diz e muito bem o "sofá amarelo": Mais uma excelente reportagem. Aprendi imenso ao ler o teu texto, deliciei-me vendo as tuas fotos e orgulhei-me de te ter como amiga. Estás de parabéns, mais uma vez !
ResponderEliminarAdmiro a forma como conduzes cada uma das tuas postagens,denota-se muito empenho e cada uma poderia ser um artigo em qualquer revista, sem dúvida.
Quando e se algum dia voltar à Nazaré, olharei esta arte, esta tradição, esta labuta... com outro olhar sem dúvida.
Obrigada por partilhares connosco reportagens tão magnificentes como esta. Beijinho